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Ranking Social

Texto de Nazaré de Almeida




Você já ouviu falar de ranking social?


Para Buda, o sofrimento humano é causado pelo apego, especialmente quando a pessoa atrela sua felicidade em coisas que não podem e não durarão para sempre. Essas coisas normalmente são: saúde, riqueza, reputação, relacionamentos, aparência, família ou filhos.


A Terapia Focada na Compaixão (TFC), inspirada na Psicologia Evolucionista e também na Psicologia Budista, aponta outro aspecto importante nesse contexto que é a noção de ranking social. Nosso cérebro está programado para nos levar à conquista de status, o qual nos coloca em posição de destaque para garantir alimento, reprodução e pertencimento (segurança e proteção pelo grupo). Logicamente, as pessoas não têm consciência disso, visto que são processamentos de motivações inconscientes, as quais se pudessem escolher, provavelmente as pessoas não escolheriam ter essas motivações. Contudo, nosso cérebro complicado aciona naturalmente muito mais a mentalidade competitiva para garantir esse status do que a mentalidade compassiva ou cooperadora.


A evolução da capacidade de luta puramente para obter acesso a oportunidades é uma fonte de considerável maldade (Gilbert, 2019). Todos os animais desenvolveram estratégias de luta complexas, mas ao contrário de nós, eles não têm como entender o porquê.

Ganhar domínio é tão importante no controle de oportunidades que levou muitos traços genéticos a se fixarem em nós. A consciência, atenção e preocupação com posição social é tão importante que se tornou um arquétipo básico para a construção de relacionamentos.


O arquétipo de classificação é um sistema interno de controle de energia que sinaliza para si mesmo e para os outros a prontidão para desafiar e buscar recursos. Essa sensação de prontidão é muitas vezes derivada de comparações sociais e levam as pessoas a se sentirem confiantes e energizadas quando vencem e com sem autoconfiança e inferiores quando são derrotados. A experiência pessoal mais óbvia do arquétipo de posição social é de autoestima. Se a pessoa tem autoestima baixa é porque se sente inferior aos outros, inibida e sem autoconfiança.


Os motivos competitivos humanos são mais complexos do que os dos outros animais, mas se localizam predominantemente no ranking social, competindo para chegar cada vez mais alto e ter mais e mais, sentindo-se superior aos outros e mais no controle. Além disso, lutar por status e poder para se livrar do controle dos outros e não ter que obedecer às ordens dos outros pode ser um forte motivo dos humanos, focados em ganhar estima, prestígio e algum poder relativo para influenciar os outros e garantir bons resultados para si mesmos. Para Gilbert (2019) tudo isso sustenta o tecido da vida política enquanto negociamos se negocia o lugar no mundo.


Nesse sentido, a TFC sugere o cultivo da mente compassiva. Os seres humanos e muitos outros animais são também dotados de profunda conexão e comportamento cooperador. Entretanto, bem como sinaliza Zimbardo em seu livro “O efeito lúcifer”, apoiado nos estudos de Milgran (1959), dependendo do sistema interno que for estimulado, o ser humano pode ser um anjo ou um demônio.


A AMeC Brasil se estruturou como uma instituição sem fins lucrativos, sustentada na ideia de formar um grupo de pessoas que cultiva a mente compassiva à partir da própria experiência desse grupo. Em primeiro lugar, não ser capitalista e em segundo lugar incentivar o crescimento do grupo e não de pessoas individualmente favorece a mente compassiva ao invés da mente competitiva. Almejamos que o nosso trabalho e a nossa experiência possam contribuir para um mundo melhor. Essa é a nossa missão!

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